domingo, 20 de julho de 2008

por uma mente em conflito

Não tinha tempo de pensar. Era tudo tão intenso aos meus sentidos que, num acordo indiferente, eles se reservavam ao descaso (do delírio). Diante dos meus olhos os fatos, trazidos por uma rapidez tamanha, se sobrevinham num movimento incessante, assim como o efeito de uma roda gigante. Ao cogitar uma resposta (ou ação) pra todas aquelas questões, novas perguntas surgiam e eu percebia que já não tinha controle algum da situação.

A realidade fluia numa velocidade estreita e constante. Será que toda aquela desordem não poderia ser decifrada por um só instante? Fragmentos de vida, lançados ao acaso por uma mente em conflito. Voltei à consciência e uma pergunta me trouxe até aqui. Quantas sensações podem ser experimentadas nos labirintos de um sonho?

quarta-feira, 16 de julho de 2008


Fazia frio na cidade maravilhosa. Eu já havia andado tanto por aquelas ruas que minhas pernas me conduziam num movimento quase hipnótico, obedecendo as ordens de minha razão obstinada em conhecer cada detalhe daquele lugar. Parei quando, do outro lado da rua, avistei uma lojinha simpática que se auto-intitulava "baratos da ribeiro", um trocadilho com o nome da avenida. Gostei da sinceridade do nome, se sobressaia na confusão do desenvolvimento em que o bairro respirava. Ao cruzar a rua, encontrei alguns livros expostos fora da loja, todos (des)organizados em uma espécie de cesta que os comportava, trazendo o anúncio de promoção. Entrei.

A porta, levemente emperrada, rangeu à minha entrada. Havia um ar gostoso de nostalgia ali. O sebo era pequeno, mas tinha espaço suficiente para amparar milhares de livros e discos, todos organizados por gênero. De cara, fui até a sessão de jazz onde revirei tudo com um entusiasmo que crescia à medida que os nomes surgiam, um por um. O que mais me chamou a atenção quando vi este disco, perdido em meio a tantos outros foi, primeiramente, a arte estampada na capa do quarteto. Uma pintura colorida cuja forma dos círculos atribuí a olhos, numa inspiração lisérgica. Mal sabia o impacto que me causaria quando colocasse a agulha em contato com o vinil de 12 polegadas que o acompanhava.

As sessões de gravação do álbum ocorreram há quase meio século atrás, porém o jazz nunca me soou tão espirituoso e cheio de vida como nesta gravação; uma música cuja sua elegância conseguiu transpor as insensíveis barreiras do tempo, podendo ser classificada, assim como sugere o título do disco, de atemporal. (embora "Time Out" seja uma alusão às experimentações de diferentes marcações de tempo, consideradas inovadoras para o jazz até então).

Um som feito com alma, indispensável de se ouvir.

terça-feira, 15 de julho de 2008

disparo de metralhadora a esmo (abaixem-se)


numa disputa entre egos, tão grandes quanto sua própria ostentação,
tão alegóricos quanto irrisórios, o sentido que me orienta é a liberdade do isolamento. (I-solation)

domingo, 6 de julho de 2008

sunday morning

Nesse domingo de sol, onde não há nada melhor para se fazer do que preparar um café e sentar para ler ou escrever (conforme a urgência em nutrir o espírito ou torná-lo um fardo mais leve), acordei com as mesmas idéias que me intrigaram ontem à noite, agora mais lúcidas do que no estado caótico de onde surgiram.

Pensava sobre os caminhos tortuosos de um impulso. A incrível tarefa de renunciar a si mesmo e limitar-se à disposição de algo, por uma necessidade burra de adequação às circunstâncias e, principalmente, às pessoas. Ontem, num lapso de consciência, percebi o quanto esse jogo é medíocre. O quanto nossa natureza encontra formas variadas de se evitar o descompasso entre duas medidas, tendendo para a via oposta, nivelando-se por baixo.

Diante da possibilidade de estudar esses impulsos antes de agir, a pergunta mais sincera do dia seria: até onde essa aceitação de estímulos pode nos levar?